sábado, 16 de outubro de 2010

SOLIDÂO - música de Kelly Patricia




Meus momentos prediletos solidão, solidão
Mas sempre convosco, Jesus, Senhor.
Junto ao vosso coração passo horas agradáveis
E junto dele minha alma encontra descanso
Quando o coração está repleto de Vós e cheio de amor,
A alma arde com fogo puro,
Então no maior abandono a alma não sente solidão,
Porque descansa em vosso seio.
Meus momentos prediletos solidão, solidão
Mas sempre convosco, Jesus, Senhor.
Ó solidão momentos da mais elevada companhia
Embora abandonada por todas as criaturas
Afundo-me toda no oceano de vossa divindade,
E Vós ouvis ternamente as minhas confidências

Composição: Santa Faustina Kowalska






A solidão já foi mais fácil.
Eu já até a busquei.
Já desejei tanto uma vida sozinha e hoje é tão duro, tão dificil.
Já vivi momentos lindos sozinha.
Não sei porque agora tenho que precisar de alguém.
Na verdade, talvez nunca tenha havido ninguém.
É lindo dançar sozinha sobre os meus vidros.
Para esse risco eu não levaria ninguém comigo.
É meu.
Se eu me cortar depende de mim. É o meu sangue.
Mas fico com aquele vontade de ter alguém a quem cuidar.
Fico com aquele desejo absurdo de acreditar em tudo o que não existe.


A solidão podia se tornar mais fácil.
Tenho chorado muito por dentro. Agora é diferente...quero muito viver. Quero mesmo. Só não sei pra quê. É engraçado...Tenho uma sensação de mil coisas que deveria fazer e me canço como quem realizada duas mil coisas, mas não me sinto fazendo nada. Acho que é essa solidão. Talvez...è estranho conviver com quem se ama todos os dias e continuar se sentindo sozinha...



Não consegui fazer nada essa semana, não deu nada certo. Por água a baixo toda a súbita vontade de viver que eu tinha recuperado.


Talvez eu desista muito fácil...


Talvez.

Tenho medo de ser sempre a última pessoa a desistir.
Um monte de gente ao redor.
Um barulho imenso.
Um monte de coisas pra fazer.
No entanto nada. Ninguém. Nunca

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Coisas que escrevi no caderno 5

ANCESTRALIDADE



Sinto pulsar no meu corpo o ventre da negra que não quer parir no mundo nenhum escravo, que se contrai na esperança de um homem livre.

Sinto em meu coração a india que recolhe os frutos aos pés da cachoeira e nela se banha, depois de ter corrido a ligeiros passos pra sentir os ares...os ventos.

Sinto em meu sangue o cangaço e em minha pele o suor das lutas.

Sinto meus cabelos voando soltos pela mata e os sinto desprendendo-se ao longo dos ombros depois de desfeito um fino coque.

Sinto em meus olhos a visão arrebatadora do mar e de caminhos infindos.

Sinto em meu olhar o enfrentamento do heroi corajoso e a fragilidade da donzela.

Se fecho os olhos me vejo empalidecendo, com o pulso para fora da cama, sangrando sobre uma bacia de cobre.

Posso sentir em minhas viceras as lutas de um povo. O meu.

Sinto ânsia de vômito de um indio diante de um covarde. Os covardes são inúteis e imundos.

Coisas que escrevi no caderno 4

Vontade de felicidade. Uma tentativa de enraizar, de encontrar, de perceber, de pulsar, de permanecer, de mover, de circular, de centrar, de ser desejo, de ser concretude.

Coisas que escrevi no caderno 3

Tenho estado sensivel.
Encontro belezas a cada dia e vejo que há muito a ser feito.
Realmente não quero morrer, tenho tido até medo da morte (!!!) Mas esse tempo tem doído muito. Sinto que tenho que passar por isso, aí vou ser gente.
Ainda to querendo o meu lugar no céu. Ainda quero mudar as coisas.
Me sinto sozinha.
(me desculpe a falta de nexo)
Tenho que resgatar um caminho.
Não sei como.
Sigo uma religião onde não há lugar pra mim, pra pessoas como eu.
(porque será que insisto nessas coisas?)


Espero conseguir.

Coisas que escrevi no caderno 2

Me perdoe.
Não vou respirar.
Não vou falar.
Não vou sentir o fluxo de um ar amavel.
Não, a vida não sairá do seu controle.
Eu não serei espontânea.
Eu não abrirei a boca e nem os braços.
Eu não vou me dirigir aos seus amigos.
Eles são seus.
Espero que você engula cada um deles.
Espero que você coma todas as mandibulas disponiveis.

Só queria ir embora daqui.
Infelizmente o muro é alto, tem cerca eletrica e eu estou doente.

Espero manter alguma doçura diante da sua brutalidade.
Espero não surtar qaundo você pensa estar agindo normalmente.
O seu normal me dá nojo.

Coisas que escrevi no caderno 1

Surdez.
Ouvidos dilatados.
Tapados.
Sonos, vigilias, ânsias e talvez vontade.
Talvez vontade alguma.
Em turbulência. Em estado de fervura trêmula. Descredito. Desacreditar. Desânimo. Meus olhos de angustia se perdem no meio desses vazios. Todos se sentem preenchidos eu acho.
Deve haver um vácuo insaciavel dentro de mim.
Vontade de sumir. De chorar. De fazer nada.


É assim.


Estou cançada de não ter nada.
De não saber pelo que estou lutando.
Estou farta de esperar algo, de tentar fazer algo, de querer construir algo, de esperar que algo exista.


Não existe.
Nada.
Não tem nada que valha a pena.

Pra mim já deu. Quero um tempo. Já está gasto.

Quero gritar.
Estou gritando.
Estou em silêncio.
Queria chorar pra sempre.
Poderia chorar pra sempre.
Me sinto ridicula chorando.
Pra chorar quero estar sozinha.
Preciso.
Chorar.
Morrer.


e Talvez voltar a viver de novo algum dia...